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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Aquele da gata molhada

               

     Tive um dia bem difícil hoje, e antes de sair praguejando resolvi escrever sobre como é ter um dia de fúria.
                Eu era uma recém-adulta e trabalhava como atendente em uma empresa de cartões de crédito .
                Ok. Não precisa sentir raiva! Eu não era daquelas criaturas que liga durante o jantar oferecendo cartão.           
                Eu trabalhava até altas horas porque as pessoas inventaram as drogas dos supermercados, drogarias, motéis, e lojas 24 horas.
Pra ajudar eu tinha que descer uma rua íngreme e muito longa pra chegar até o ponto de ônibus, e sempre tentava pensar que caminhar maquiada, de salto e entre as pessoas que tem a profissão mais antiga do mundo e simpatizantes era boa coisa pra minha saúde.
                Acontece que aquele dia estava um calor medonho quando sai de casa, ai não tive dúvida: sandália e blusinha clara pra não cozinhar.
                Acontece que ninguém me avisou que em dias quentes a possibilidade de chover é de 130%!
                Então estava eu no meio da ladeira quando de repente um pingo, dois minutos, outro pingo, um minuto, mais um, 30 segundos, outro pingo, outro e outro, FERROU TUDO!
                Ai eu tinha duas alternativas: parava e na melhor das hipóteses arrumava um freguês ou continuava descendo. Escolhi descer.
                A essa altura do campeonato eu com a minha blusa clara já tava de gata molhada e piorrrrrrr, a droga da sandália virou um RIDER.
                Pra quem não lembra disso, RIDER é uma marca de chinelo que não tem um “prendedor” entre o dedão, então todos os dedos saem pra fora a ponto de você tocar o chão com a pontinha dos dedos.
                Pra ajudar eu tinha um paquera que trabalhava no centro, e que É CLARO que ele estava fazendo hora extra naquele dia e me viu ensopada. É CLARO que ele nunca mais olhou de forma séria pra mim.
                O tal chinelo de salto começou a dar sinais de que ia rasgar, ai comecei a pensar: que mundo injusto....a Shakira na minha idade já tinha limusine e eu aqui nesta pindaiba!
               Rasggggg, já era a droga da porcaria da ridícula sandália. A alternativa? Pies descalzos, sueños blancos .....mas com dignidade!
                Antes do ponto havia um posto de gasolina e o piso dos postos de gasolina são feitos para que os carros deslizem e pessoas capotem.
                Não deu outra cai arrancando as tampas do dedão e do joelho.
                TODOS os frentistas vieram correndo me socorrer e é claro rolandooo de rir da louca aqui.
                Levantei feito uma lady e quando estava bem longe deles comecei a chorar. Tava no limite da injustiça.
                Então chegando perto do ponto escuto um xxxxxxxxxxxxxxxxxx (som de peixe fritando). Era um nojentamente velho mexendo com a minha pessoa!!!!
                Vamocombina que tem gente que não tem compaixão.
                Falei os 55 palavrões que sei e entrei no ônibus.
                Percebi, pra fechar com chave de ouro, que uma senhora me olhava com cara de nojo só porque eu estava com o dedão esguichando sangue.
                Perguntei mui educadamente a ela:
                - A senhora já teve um dia ruim na sua loooonnnnnga vida? Hoje é o meu. A Senhora pode fazer o obséquio de respeitar?
Bjs
Dani



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